Eu venho de uma época, não muito distante, em que meninas e meninos de treze anos se reuniam pra brincar de bet’s (tacobol), baleado e bandeirinha, na rua. Alguns garotos ainda soltavam pipa, jogavam peteca ou andavam de skate e patins, na praça. Algumas garotas tinham acabado de deixar a boneca de lado.
Treze era a idade dos primeiros amores, em sua maioria platônicos. Era a idade do primeiro beijo. Beijos “inocentes”, quase sempre dados atrás da escola, quando se esquecia de escrever “ABB” (Associação Beijo na Boca) em alguma parte do corpo. Treze era apenas o começo de uma nova fase em que todos odiavam ser chamados de criança, mas, ainda assim, tinham convicção de que estavam longe de ser adultos.
Tudo bem que os tempos mudem e que as coisas evoluam, mas eu não chamaria de evolução essa mudança a que se submeteram os jovens de treze anos de hoje em dia. Eu não simpatizo com essa coisa de “pular etapas”. Isso pra mim não é nada moderno, mas se for, posso dizer que tenho a honra de ser antiquada.
Algumas das meninas que usavam batom e salto alto quando deveriam estar com suas bonecas, agora já puderam perceber, com seus bebês de verdade, que ser mãe não é brincadeira.
E os meninos? Bem, os meninos não acham mais graça nos carrinhos de brinquedo. Aos treze, um menino já sonha com os dezoito. A idade em que poderá ter um carrão de verdade. A idade em que, pela lei, poderá beber e dirigir (sim, talvez ele faça uma coisa seguida da outra, mesmo que a lei não permita, mesmo que seja perigoso).
A lei não permite que um menor faça uso de bebida alcoólica. Grande coisa! Cansei de ver por aí, meninos e meninas de treze, quatorze, caindo pelas tabelas de tão bêbados. Garotinhas que, por conta da roupa vulgar, do salto e da maquiagem pesada, passam tranquilamente por maiores de idade, enganando assim a segurança de qualquer boate.
Então, se não for pela carteira de motorista, esperar ansiosamente os dezoito pra quê? Se aos treze já faz o que antigamente não se fazia aos vinte?
Nos últimos dias, em Rio Branco, tomamos conhecimento da morte de uma jovem, vítima de um grave acidente de carro, no Parque da Maternidade. Ela, suas duas amigas e o motorista estavam embriagados. E, infelizmente, ela só tinha treze.